terça-feira, 3 de julho de 2012

KARDECISMO

CONCEITO

Doutrina espírita, Espiritismo ou Kardecismo, é a doutrina codificada pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, que adotou o pseudônimo Allan Kardec; em suas próprias palavras, "O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal". A doutrina é baseada em cinco obras básicas, escritas por Allan Kardec, através da observação de fenômenos que o mesmo atribuía à manifestações de inteligências incorpóreas ou imateriais, conhecidas como espíritos. Porém, a manifestação de espíritos nunca foi validada por cientistas. Seu trabalho foi posteriormente prorrogado por escritores como Léon Denis, Arthur Conan Doyle, Camille Flammarion, Ernesto Bozzano, Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco, Waldo Vieira, Johannes Greber[4] e outros.
A doutrina espírita é por muitos dita ser uma ciência, e por tal faz-se necessário esclarecimentos quanto ao termo a fim de evidenciar que este é, neste caso, utilizado em sentido lato e não estrito. Em sentido estrito, embora verdade que muitos cientistas outrora tenham dedicado considerável tempo de suas pesquisas às tentativas de comunicação com entidades incorpóreas - questão cientificamente válida em princípio e certamente merecedora de atenção e escrutinação, ainda mais considerada a época em que estas se deram com intenso fervor, a mesma da invenção do telégrafo, aparelho que demonstrara ser possível a comunicação instantânea à distância com ou sem fios, algo certamente muito esotérico para os que o viam pela primeira vez - é consenso científico hoje contudo que todas as buscas por evidências que corroborassem a existência de espíritos não foram afirmativas aos rigores do método científico: frente ao seu método inerente, e ao que se denomina por ciência em sentido estrito, não há fatos conclusivos para a existência de espíritos, e a ciência afirma claramente que não se tem ciência da existência dos mesmos. A doutrina espírita não é, pois, uma cadeira científica em estricto sensu, como são por exemplo a física, a biologia e a química, ou mesmo uma área científica em estrito sensu. Entre os cientistas que dedicaram-se à pesquisa de comunicação com os espíritos citam-se frequentemente: William Crookes, Michael Faraday, A. Russel Wallace, Cromwel Varley, Oliver Lodge, William Barret, Frederico Myers, A.Morgan, Ernesto Bozzano, entre outros.
Contudo, valendo-se de metologia própria que quando não abandona algumas premissas-base do método científico certamente o extrapolam e também pelo limite do que se denomina ciência, os estudos acerca dos espíritos e das evidências destes estudos, que afirmam corroborar sua existência, foram continuados por muitos, encontrando-se estes frequentemente relatados na obra de Kardec e na doutrina espírita, além de também encontrarem-se presentes em um grande número de outras religiões ou doutrinas similares. A doutrina espírita em particular configura-se em verdade como a área de estudos que engloba muitos dos preceitos da ciência, contudo também preceitos significativos da filosofia e sobretudo da religião - neste caso a cristã. Buscando em princípio a co-harmonia entre estes, caracterizá-la como completamente inclusa em uma de suas partes não se mostra, notoriamente, adequado.
O Espiritismo tem expandido-se muito e hoje conta com um número expressivo de adeptos em muitos países em todo o mundo, incluindo Espanha, Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Argentina, Portugal e especialmente em alguns países americanos, como Cuba, Jamaica e Brasil, que tem uma das maiores proporções e o maior número de seguidores do espiritismo em sua população.


HISTORIA

Durante o século XIX houve uma grande onda de manifestações mediúnicas nos Estados Unidos e na Europa. Estas manifestações consistiam principalmente de ruídos estranhos, pancadas em móveis e objetos que se moviam ou flutuavam sem nenhuma causa aparente. Entre eles destacou-se o suposto caso das Irmãs Fox, nos EUA.
Em 1855, o professor Denizard Rivail, que depois adotou o pseudônimo de Allan Kardec, pretendia investigar o fenômeno que muitas pessoas afirmavam ter experimentado na época, das mesas girantes ou dança das mesas, em que mesas e objetos em geral pareciam animar-se com uma estranha vitalidade. Apesar de inciais afirmações aparentemente céticas"Eu crerei quando vir e quando conseguirem provar-me que uma mesa dispõe de cérebro e nervos, e que pode se tornar sonâmbula; até que isso se dê, deem-me a permissão de não enxergar nisso mais que um conto para dormir em pé", assegura-se que após dois anos de pesquisas, não tinha visto constatação de fraudes e nem um motivo para englobar todos os acontecimentos dessa ordem no âmbito das falácias e/ou charlatanices. Pessoalmente convencido não só da realidade do fenômeno, que considerou essencialmente real apesar das mistificações existentes, mas também da possibilidade de ele ser causado por espíritos, Rivail, em lugar de dedicar o resto de sua vida à busca por "provar cientificamente" a explicação mediúnica para esses pretensos fenômenos, sagrou-se a explorar as consequências da hipótese de que fossem causados pela ação de espíritos.
Quanto à sua formação, pretendia ser discípulo de Pestalozzi, discípulo por sua vez de Rousseau, apesar da sua teórica pesquisa não seguir métodos estritamente científicosnaturalista. O seu intuito era dar algum suporte à espiritualidade humana numa época em que a ciência avançava a passos largos e as religiões perdiam cada vez mais adeptos. Kardec julgava ter encontrado um novo modo de pensar o real, que uniria, de forma ponderada, a ascendente Ciência e a decadente Religião. Assim, Kardec defendia que fazia uso do empirismo científico para investigar os fenômenos, da racionalidade filosófica para dialogar com o que presumiu serem espíritos e analisar suas proposições, e buscou extrair desses diálogos consequências ético-morais úteis para o ser humano. Surgia aí, mais precisamente em 18 de abril de 1857, a doutrina espírita, sistematizada na primeira edição de O Livro dos Espíritos.

PRINCIPIOS

Nascido no século XIX, no dia 18 de Abril de 1857, com a publicação de O Livro dos Espíritos, o Espiritismo se estruturou a partir de pretensos diálogos estabelecidos por espíritos desencarnados que, se manifestando por meio de médiuns, discorreram sobre temas religiosos sob a ótica da Moral Cristã, ou seja, tendo por princípio o amor ao próximo. Desta forma foi estabelecido o preceito primário da Doutrina, de que só é possível buscar o aprimoramento espiritual através da caridade aos semelhantes (Lema: Fora da caridade não há salvação), além de trazer a luz novas perspectivas sobre diversos temas de grande relevância filosófica e teológica.
O Espiritismo pretende chegar à compreensão da realidade mediante a integração entre as três formas clássicas de conhecimento, que seriam a ciência, a filosofia e a moral. Segundo Kardec, cada uma delas, tomada isoladamente, tende a conduzir a excessos de ceticismo, negação ou fanatismo. A doutrina espírita se propõe, assim, a estabelecer um diálogo entre as três, visando à obtenção de uma forma original que, a um só tempo, fosse mais abrangente e mais profunda, para desta forma melhor compreender a realidade. Kardec sintetiza o conceito com a célebre frase: “Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão em todas as épocas da humanidade”.
É importante ressaltar ainda que, quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria é, por definição, espiritualista, independente de sua religião, sendo, portanto, o espiritualismo enquanto oposição ao materialismo, o pilar fundamental da maioria das doutrinas religiosas. No caso do Espiritismo, a principal diferença entre esta doutrina e a maioria das demais religiões é sua crença na possibilidade de comunicação entre o mundo corporal e o mundo espiritual, contudo, a fé nesta possibilidade de comunicação gera grande confusão por parte dos leigos entre o Espiritismo e as religiões afro-brasileiras, contudo, cada uma delas possui origens completamente distintas umas das outras.
Allan Kardec, em "Obras Póstumas", propõe que o espiritismo seja uma doutrina natural, passível de ser interpretada ou não como religião pelos homens, isto é, capaz de colocar o homem – ou o espírito – diretamente em relação com Deus.
Quadro retratando a Evolução espiritual, segundo a ótica da Doutrina Espírita.
A doutrina espírita, de modo geral, fundamenta-se nos seguintes pontos:
  • Na existência e unicidade de Deus, desconstruindo o dogma da Santíssima Trindade;
  • Na existência e imortalidade do espírito, compreendido como individualidade inteligente da Criação Divina (para Kardec, a ligação entre o espírito e o corpo físico, é feita por meio de um conectivo "semimaterial" que denomina de perispírito);
  • Na defesa da reencarnação como o mecanismo natural de aperfeiçoamento dos espíritos;
  • No conceito de criação igualitária de todos os espíritos, "simples e ignorantes" em sua origem, e destinados invariavelmente à perfeição, com aptidões idênticas para o bem ou para o mal, dado o livre-arbítrio;
  • Na possibilidade de comunicação entre os espíritos encarnados ("vivos") e os espíritos desencarnados ("mortos"), por meio da mediunidade (Essa comunicação é realizada com o auxílio de pessoas com determinadas capacidades - os médiuns, como por exemplo a chamada "escrita automática" (psicografia).);
  • Na Lei de Causa e Efeito, compreendida como mecanismo de retribuição ética universal a todos os espíritos, segundo a qual nossa condição é resultado de nossos atos passados;
  • Na pluralidade dos mundos habitados, a ideia de que a Terra não é o único planeta com vida inteligente no universo.
Além disso, podem-se citar como características secundárias:
  • A noção de continuidade da responsabilidade individual por toda a existência do Espírito;
  • Progressividade do Espírito dentro do processo evolutivo em todos os níveis da natureza;
  • Volta do Espírito à matéria (reencarnação) tantas vezes quantas necessárias para alcançar a perfeição. Os espíritas não creem na metempsicose.
  • Ausência total de hierarquia sacerdotal;
  • Abnegação na prática do bem, ou seja, não se deve cobrar pela prática da caridade nem o fazer visando a segundas intenções;
  • Uso de terminologia e conceitos próprios, como, por exemplo, perispírito, Lei de Causa e Efeito, médium, Centro Espírita;
  • Total ausência de culto a imagens, altares, etc;
  • Ausência de rituais institucionalizados, a exemplo de batismo, culto ou cerimônia para oficializar casamento;
  • Incentivo ao respeito para com todas as religiões e opiniões.
Embora a Doutrina Espírita não seja oriunda do Brasil, este é o país que possui a maior quantidade de adeptos. A Federação Espírita Brasileira, que integra o Conselho Espirita Internacional, é a principal entidade divulgadora da Doutrina Espírita no Brasil. Outra organização de vulto é a Confederação Espírita Pan-Americana. Esta última não concebe o espiritismo como religião, centrando-se apenas nos seus aspectos filosóficos e científicos.
Com relação à questão da reencarnação, ela também não é pacífica, como ilustrado quando do V Congresso Internacional de Barcelona (1934) onde, depois de extensas discussões, ficou estabelecido que:
"...os espíritas latinos e hindus, representados pelos delegados da Bélgica, Brasil, Cuba, Espanha, França, Índia, México, Portugal, Porto Rico, Argentina, Colômbia, Suíça e Venezuela, afirmam a reencarnação como lei de vida progressiva, segundo a frase de Allan Kardec: 'Nascer, morrer, renascer e progredir sempre', e a aceitam como uma verdade de fato. Os espíritas não-latinos, representados no Congresso pelos delegados da Inglaterra, Irlanda, Holanda e África do Sul, consideram não haver demonstração suficiente para estabelecer a doutrina da reencarnação formulada por Kardec. Cada escola, portanto, fica em liberdade para proclamar as suas convicções a respeito de reencarnação."
 
 
DISSIDÊNCIAS
 

Racionalismo cristão

Na cidade brasileira de Santos, em 1910 surgiu uma dissidência do movimento espírita, que se denominou "Espiritismo Racional e Científico Cristão" e, posteriormente, Racionalismo cristão, sistematizada por Luís de Matos e Luís Alves Tomás.

Ramatizismo

No Brasil, desde a segunda metade da de 1950, alguns centros espíritas seguem a doutrina ditada pelo espírito Ramatis (corporificada sobretudo nas obras psicografadas por Hercílio Maes). Distinguem-se dos centros espíritas tradicionais em função da maior ênfase ao universalismo (origem comum das religiões) e ao estudo comparado de religiões e filosofias espiritualistas ocidentais e orientais. Nota-se também a influência mais acentuada de correntes de pensamento orientais (tais como o budismo e o hinduísmo) e a proximidade com a cosmogonia do espiritualismo universalista.

Apometria

Surgiu no Brasil, na década de 1960, como uma suposta forma de tratamento alternativo a doentes desenganados. O Dr. José Lacerda de Azevedo, do Hospital Espírita de Porto Alegre, fixou as Leis da Apometria.

Conscienciologia

Surgiu no Brasil, em meados da década de 1960, com o fim da parceria entre Chico Xavier e Waldo Vieira, quando este último iniciou pesquisa própria com o que denominou projeção da consciência.

Renovação Cristã

Surgida no Brasil, também como uma dissidência do movimento espírita, desde setembro de 2002. Sem deixar de seguir a Doutrina Espírita, afirma fazê-lo com maior seriedade do que o movimento brasileiro em si, argumento usado para o afastamento.

Roustainguismo

Historicamente, na França e no Brasil, existiram conflitos entre "kardecistas" e "roustainguistas", consoante a admissão ou não dos postulados da obra "Os Quatro Evangelhos", coordenada por Jean-Baptiste Roustaing, nomeadamente acerca da natureza do corpo de Jesus. Para os chamados "roustainguistas" Jesus teve um "corpo fluídico", de origem material diferente da nossa matéria, já o os ditos "kardecistas" acreditam que Jesus possuia um corpo de origem material, como de qualquer ser humano.[24][25]
Hoje este conflito não mais existe, subsistindo apenas como reflexo da opinião de setores isolados que, embora compondo o Movimento Espírita Brasileiro, não representam a Doutrina Espírita. Acrescente-se a isto o fato de que o espiritismo, compreendido como "doutrina dos espíritos", não é "kardecista", pois não se trata de escola espiritualista criada por Allan Kardec, cabendo ao mesmo tão somente o processo de codificação - vale dizer, organização e disposição de princípios - e não o de formulação dos mesmos, fato este reiterado pelo próprio Allan Kardec em diversas de suas obras, notadamente em "O Livro dos Espíritos" e "A Gênese".


ORGANIZAÇÕES

Federação Espírita Brasileira

A Federação Espírita Brasileira foi fundada em 2 de janeiro de 1884, no Rio de Janeiro. Em 2004 completou 120 anos. É uma sociedade civil, religiosa, educacional, cultural e filantrópica, que tem por objeto o estudo, a prática e a difusão do Espiritismo em todos os seus aspectos, com base nas obras da codificação de Allan Kardec e nos Evangelhos canônicos. O Departamento Editorial da FEB possui um catálogo de mais de 400 títulos que totalizam 39 milhões de livros vendidos. Todos inspirados na Codificação Kardequiana: romances, mensagens, contos, crônicas, textos científicos e filosóficos, além de CD-ROMs, vídeos, apostilas e CDs de canções espíritas.

Conselho Espírita Internacional

O Conselho Espírita Internacional (CEI) é um organismo resultante da união das associações representativas dos movimentos espíritas nacionais. Foi constituído em 28 de novembro de 1992 em Madrid, na Espanha. Seus objetivos são:
  • Promoção da união solidária e fraterna das instituições espíritas de todos os países e a unificação do movimento espírita mundial;
  • Promoção do estudo e da difusão da Doutrina Espírita em seus três aspectos básicos, quais sejam o científico, o filosófico e o religioso;
  • Promoção da prática da caridade material e moral, conforme ensina a Doutrina Espírita.
O principal evento organizado pelo CEI é o Congresso Espírita Mundial, realizado a cada três anos.

Confederação Espírita Pan-Americana

A Confederação Espírita Pan-Americana, fundada em 5 de outubro de 1946 na Argentina, é uma instituição internacional, que congrega majoritariamente espíritas da América Latina. A CEPA possui instituições adesas e filiadas em diversos países, e defende uma visão laica a respeito do espiritismo. A organização assume posicionamentos polêmicos entre os espíritas, como a desvinculação entre a doutrina e o cristianismo e a necessidade de se atualizar o espiritismo em face da ciência. Desde o dia 13 de outubro de 2000, a sede da CEPA passou a ser Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A atuação da CEPA no Brasil se dá, principalmente, através de eventos promovidos por instituições adesas, como o Fórum do Livre Pensar Espírita e o Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita.
 
 
 FONTE:  - http://pt.wikipedia.org/wiki/Doutrina_esp%C3%ADrita
                 - EU MESMO

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